Indígenas improvisam para conviver com a água dentro de casa até resgate: ‘Não tem lugar enxuto’

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Bombeiros e Defesa Civil fazem ações para levar moradores e pertences para abrigos em Lagoa da Confusão. Água subiu mais e invadiu casas em aldeia
Divulgação/Bombeiros
As fortes chuvas dos últimos dias causaram cheias em rios do Tocantins. Para resgatar os moradores, as forças de segurança levam as famílias para um abrigos. Com a situação, os indígenas estão preocupados com risco de doenças e de perder o pouco que tem. O resgate começou nesta semana.
O nível do rio Dueré ficou com um metro acima da média. Já o rio Formoso está com o nível três metros e meio a mais que o normal pra essa época do ano. Quase 40 famílias foram resgatadas em uma operação dos Bombeiros, com a Defesa Civil e a Funai. Aproximadamente 25 pessoas já tinham deixado o local e na terça-feira (31) as equipes retiraram outras cinco famílias.
Em Lagoa da Confusão, o alagamento atingiu uma aldeia indígena do povo Krahô-Kanela. Na parte mais crítica invadida pela água, só dá para andar pelo local através de passarelas improvisadas ou até barcos.
Com a casa cheia de água, a moradora Claricia Gomes Guajajara está preocupada com a saúde do filho. Dentro de casa, ela fez passagens com tijolos para que a família não pise na água.
“Evitar dele estar tendo um contato direto com a água porque com se a gente todo dia a gente toda hora está dentro da água e aquilo acaba criando feridas nos pés”, disse.
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Muitos moradores ficaram ilhados e o jeito foi colocar o que coube em pequenos barcos e remar para um local seguro.
“Nossas casas dentro da água, nossa criação dentro da água, olha o jeito. Nossas galinhas aí também. E o jacaré, fico tomando de conta das nossas coisas, com medo né porque não tenho lugar enxuto”, lamentou a indígena Julita Gomes Guajajara.
Bombeiros ajudaram a retirar móveis e eletrodomésticos de casas alagadas
Divulgação/Bombeiros
Mesmo após a ação de resgate na aldeia em Lagoa da Confusão, alguns moradores preferiram continuar em casa, mesmo com os riscos. Pra proteger algumas criações, foram improvisados locais suspensos. Mas enquanto os rios não voltam ao normal, as famílias estão em abrigos improvisados.
“A Defesa Civil sempre está acompanhando aí o nível da água, não tem assim previsão de baixar assim de um dia para o outro então a gente, como medida de segurança, a gente está colocando esse pessoal na cidade, no local disponibilizado pela prefeitura”, disse Alis Gomes Feitosa, sargento da Defesa civil.
Sem aulas
A situação dos alagamentos também vai atrasar o início do ano letivo para alunos de aldeias indígenas de Lagoa da Confusão. As aulas das crianças deveriam começar amanhã, mas com a cheia, as escolas estão fechadas.
“Enfraquece tanto a nossa educação como também a nossa comunidade, porque as mães, né, fica vendo seus filhos né dentro da água fica vendo essas coisas de casa acabando”, afirmou a professora indígena Isidoria Pjêhky.
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Fonte: G1 Tocantins