Espécie de jacaré que abocanhou drone não costuma atacar aves que sobrevoam rios, diz biólogo

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Caso ocorreu no rio Javaés, próximo da Ilha do Bananal, e pescador perdeu drone de R$ 7 mil. Para especialista, equipamento pode ter machucado a boca do jacaré, que é sensível por dentro. Jacaré salta para abocanhar drone em rio do Tocantins
Com apenas um bote, um jacaré-açu conseguiu pegar um drone que sobrevoava o rio Javaés, e o dono do equipamento ficou no prejuízo de R$ 7 mil. Por ser muito sensível a movimentos, algo chamou a atenção do animal, que de acordo com o biólogo Aloísio Vasconcelos de Carvalho, não costuma atacar animais que sobrevoam o rio.
O caso aconteceu na Ilha do Bananal, na região oeste do Tocantins, e era a primeira vez que o pescador Luciano Souza, de 47 anos, utilizava o equipamento. As imagens são impressionantes e mostram o jacaré armando o bote para pegar o drone. O animal colocou o corpo para baixo, apontou a cabeça para o alto e deu um salto para pegar o equipamento. O vídeo mostra até detalhes da boca do réptil.
Para o especialista, esse movimento geralmente é para que o animal consiga pegar presas nas margens dos rios, e não acima. Mas o drone despertou a curiosidade e ele fez o mesmo movimento de ataque.
Jacaré se preparando para atacar drone no rio Javaés
Luciano Lopes/Divulgação
“Na verdade o jacaré-açu fica na porta dos rios, parado esperando uma presa. Quando a presa se aproxima, ele usa a cauda como leme para dar propulsão e pula em cima com a boca aberta. O que deve ter acontecido de fato é que como eles estão muito atentos, qualquer movimento que está na água ou ali próximo deles deve ter chamado a atenção. Por curiosidade ou até mesmo se ele se sentido ameaçado, faz esse movimento de ataque, que é comum”, disse.
“Como ele não conseguiu visualizar direito o que era, então a primeira coisa que ele vai fazer é atacar pra saber se é comestível ou não, vamos dizer assim. Aí ele abocanhou o drone”, completou a explicação.
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Outro detalhe apontado pelo biólogo é que como a região interna da boca do animal é muito delicada, então a probabilidade das hélices e componentes do equipamento terem machucado o jacaré é é grande. “O réptil tem a boca bem resistente, mas a parte de dentro é super vulnerável. Acredito que ele deve ter se machucado”, afirmou.
Drone na boca de jacaré
Luciano Lopes/Divulgação
Características da espécie
A espécie de jacaré-açu é a maior encontrada no Tocantins, e pode chegar a medir quatro metros e meio, em média. Por causa do couro e da carne, já chegou perto da extinção, mas projetos de preservação conseguiram reverter a situação. Hoje, o risco de extinção é considerado pouco preocupante.
O biólogo explicou ainda que enquanto as fêmeas costumam se manter mais próximas às margens dos rios, os machos se aventuram nas partes mais ao fundo. Por esse hábito diferenciado, Aloísio acredita que o animal que abocanhou o drone do pescador pode ser um macho. “O macho é bem territorialistas. Eles ficam mais no meio do rio ou vai pra margem. Não dá pra encontrar todos próximos porque dá briga mesmo quando um chega perto do outro”.
Sobre a alimentação, o especialista diz que o jacaré come peixes, tartarugas e animais que eles predam nas margens dos rios, como veados ou capivaras. Na água, a probabilidade é que ele coma espécies que nadam, mas não que sobrevoam a água. “Se for para pegar algum pássaro, só se pousar na água. E muito raro eles pegarem esse tipo de bicho, porque as aves aquáticas geralmente conseguem detectar movimentação na água e voam. Então ave mesmo não acaba entrando muito no ‘cardápio’”, brincou Aloísio.
Cuidados
Caso uma pessoa se depare com essa espécie de jacaré, classificados como topo de cadeia, ou seja, grandes predadores, o biólogo orienta que não seja feito movimentos bruscos. “Eles são sorrateiros. Eles se aproximam devagar e a gente acaba ficando hipnotizado com ele e não percebe que está chegando. Assim que ele dá o bote. Então não se deve ficar em áreas com a presença de jacarés. Se o vir, não deve provocar”, explicou.
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Fonte: G1 Tocantins