Brexit, inflação de dois dígitos e crise energética: entenda o que espera o sucessor de Boris Johnson, que assumirá o comando do governo britânico nesta terça-feira

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A chanceler Liz Truss é franca favorita na disputa com o ex-ministro do Tesouro Rishi Sunak para tornar-se a nova líder do Partido Conservador. Disputa para o cargo de Primeiro-ministro do Reino Unido fica entre Rishi Sunak e Liz Truss
Se os votos confirmarem o que dizem as pesquisas de opinião, Liz Truss, a ministra britânica de Relações Exteriores, substituirá Boris Johnson na liderança do Partido Conservador e, ato contínuo, no comando do governo. Vinte pontos à frente de seu adversário, o ex-ministro do Tesouro Rishi Sunak, ela tem 89,7% de probabilidades de assumir o cargo, segundo os cálculos da revista “The Economist”, enquanto ele soma apenas 10,3% de chances.
A liderança irrefutável de Truss entre seus partidários conservadores tem uma explicação: há oito anos ocupando posições no Executivo, ela se manteve leal a Johnson no momento crucial, quando o premiê foi defenestrado por uma rebelião em massa em seu governo. Um dos primeiros a debandar, Sunak levou a fama de traidor e caiu em descrédito entre a base eleitoral conservadora.
O vencedor da disputa interna terá que aglutinar o partido que está no poder há 12 anos, a tempo para as eleições gerais de 2024. Theresa May e Boris Johnson, os dois últimos premiês conservadores, foram derrubados pelos próprios correligionários.
Rishi Sunak e Liz Truss
Reuters
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Truss se apresenta como seguidora dos preceitos de Johnson, embora, durante a campanha do Brexit, em 2016, tenha sido fervorosa na defesa da permanência do Reino Unido na União Europeia. Ela o fez mais por oportunismo do que por convicção, pois o “sim” aparecia como opção favorita entre os britânicos. Logo mudou de lado e abraçou a causa eurocética.
As tensas negociações do país com a UE estão estancadas desde o início da guerra da Rússia na Ucrânia. O Reino Unido enfrenta sete processos de infração com o bloco por não ter conseguido implementar o protocolo da Irlanda do Norte, que evitaria uma fronteira dura com a Irlanda. O futuro premiê terá que reabrir o diálogo.
Como chanceler, Truss apresentou uma legislação que romperia unilateralmente com parte do acordo do divórcio. Se for ratificada como premiê britânica, ela prometeu aprová-la, antecipando um novo confronto com Bruxelas.
Os dois candidatos invocam, apesar de suas diferentes abordagens, a ex-primeira-ministra Margaret Thatcher como modelo para o país. Truss descartou o aumento de impostos, mas defendeu a redução do papel do Estado na economia. Sunak, por sua vez, afastou a possibilidade de cortar impostos até que a inflação esteja sob controle.
Os britânicos enfrentam o inferno inflacionário, com o índice acima de 10% pela primeira vez em quatro décadas. Quem adentrar, na terça-feira, o número 10 da Downing Street para comandar o governo terá que lidar com a grave crise no custo de vida e o aumento das contas de energia, principal consequência da guerra na Ucrânia.
As tarifas de energia serão reajustadas em até 80% a partir de outubro, impondo desafios imediatos ao futuro premiê, de quem se espera também melhorias no pacote de resgate para as famílias mais vulneráveis. Ambos se comprometeram com isso, mas sem esclarecer de onde virão os recursos.
Rainha Elizabeth II no último dia das comemorações do Jubileu de Platina
Reprodução/Globonews
O escolhido da maioria dos 160 mil membros conservadores será convidado na terça-feira para a tradicional cerimônia do beija-mão com a rainha Elizabeth II, logo após a renúncia oficial de Boris Johnson. Mas os tempos são outros, a rainha apresenta problemas de mobilidade, e o protocolo foi quebrado. Pela primeira vez em 70 anos de reinado, a monarca receberá o seu 15º primeiro-ministro na residência de verão em Balmoral, na Escócia, e não no Palácio de Buckingham.
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Fonte: G1 Mundo